A -5°C, o frio é bastante refrescante e um gorro ou chapéu e um cachecol são suficientes para se manter quente. A -20°C, a humidade das narinas congela e o ar é tão frio que é quase impossível não tossir. A -35°C, o ar é frio o suficiente para anestesiar a pele e as extremidades corporais. A -45°C utilizar óculos torna-se complicado: o metal adere à cara e quanto tentar removê-los sentirá quase que está a arrancar a própria carne.
É exactamente isto que acontece no Inverno aos habitantes da cidade de Yakutsk, na Rússia. Yakutsk é uma cidade remota no leste da Sibéria e é considerada a mais fria do mundo. A cerca de cinco mil quilómetros de Moscovo, a cidade foi fundada em 1632 pelos Cossacos e impõe aos seus habitantes condições extremas de vida. Ainda assim, Yakutsk tem uma população de de 270 mil habitantes, cerca de um quarto da população total da Sibéria. No Inverno, as temperaturas podem descer abaixo dos 40°C negativos – a temperatura mais baixa registada foi de -64°C). No verão as temperaturas ultrapassam frequentemente os 30°C positivos.
Durante o Inverno, Yakutsk fica envolta num denso manto de nevoeiro gelado que restringe a visibilidade e poucos metros. Apesar das temperaturas extremas, quer de Inverno quer de verão, Yakutsk alberga uma importante indústria alimentar, bem como curtumes, serralharias, fábricas de materiais de construção e o Yakutsk Permafrost Institute, que se dedica ao estudo das soluções para os sérios problemas que a indústria da construção enfrenta nos solos gelados.
Mas há uma razão mais importante para que Yakutsk seja habitada: a cidade é um importante centro de extracção de diamantes, fornecendo um quinto da produção mundial do mineral precioso. Valerá a pena tanto sacrifício do bem-estar da população?